Desta
vez propomos aos amigos leitores uma breve visita à nossa horta e respectivo
pomar.
Na
companhia do “vereador” do pelouro, António Joaquim Vedorias, percorremos as “zonas
rústicas” do Abrigo que, sob a responsabilidade dos hortelões António Inácio
Regouga e António Lourenço, vão produzindo grande parte dos produtos alimentares
consumidos na Instituição.
Este
final de Junho não terá sido o momento mais favorável, em termos visuais, para
uma visita desta natureza, ainda que constitua sempre um renovado encantamento
ver nas árvores os frutos apetecíveis à espera de serem colhidos e levados para
a mesa. Todavia, a intenção foi (é) apenas a de lembrarmos o que se faz no
interior da Instituição e que por vezes se ignora.
Uma
grande dor de cabeça para quem ali trabalha tem a ver com o combate permanente que
se trava para ir eliminando as ervas daninhas que invadem as áreas de cultivo.
“Na verdade - dizem-nos - grande
parte do nosso tempo é gasto a mondar a terra, protegendo as plantas da nociva
invasão destas indesejáveis intrusas. Como temos um sistema de rega por
aspersão, toda a área recebe o precioso líquido, o que constitui um convite à sua
disseminação”.
Há
perspectivas, ainda que neste momento não passe de isso mesmo, de num futuro mais
ou menos próximo, e contando com a ajuda de benfeitores, instalar um sistema
gota-a-gota o que, dizem os responsáveis,
não só contribuirá para a diminuição dessa praga indesejável, como nos
disponibilizará desde logo mais tempo livre para explorarmos uma área mais
vasta. António Regouga assegura mesmo que “a concretizar-se essa solução, conseguiremos produzir maior quantidade
sem a necessidade de recurso a mais mão-de-obra.”
Para
além do pomar, com mais de duas centenas e meia de árvores com várias espécies de
fruta (laranjas, tangerinas, clementinas, pêssegos, maçãs, pêras, nozes, figos,
nêsperas, dióspiros, damascos, ameixas, abrunhos), na área de cultivo produzem-se
os mais diversos tipos de hortaliças e legumes, próprios de cada estação ou
época do ano.
A
azáfama é contínua. Vimos zonas onde batatas, abóboras e outros produtos estão
prontos para ser colhidos, enquanto aqui e ali se observam áreas já preparadas
para que outras sementes ou plantas possam iniciar o seu ciclo de vida.
“Não somos auto-suficientes, uma vez que
nas três valências (ou respostas sociais, como agora também se diz,) servimos
diariamente 366 refeições principais, nas quais incluímos, por norma e habitualmente,
produtos hortícolas e fruta. Vemo-nos, por isso, perante a necessidade de
recorrer também a fornecedores externos. No entanto, sem a nossa horta, esse
recurso a terceiros seria muito mais frequente e oneroso”.
Até
este momento, e segundo afirma António Regouga, “a água que temos vai chegando para as necessidades, sem sabermos o que
o futuro nos reserva.”
O
Abrigo chegou também a possuir, junto ao espaço hortícola, uma pequena
exploração de gado suíno e instalações povoadas por dezenas de galinhas. Eram
um excelente contributo para manter mais equilibrado o orçamento. Todavia, determinações
superiores impediram, há quatro ou cinco anos, a sua manutenção e continuidade.
Presentemente, só em ovos o Abrigo gasta cerca de 250 euros mensais, o que
seria evitado se aquela situação se mantivesse.
Vamos
esperar que o futuro nos traga dias melhores e que nos seja permitido continuar
a cumprir os objectivos por que todos vimos lutando desde há 45 anos.
ÚLTIMA HORA: O gota a gota já chegou!
Quis
o “destino” que, pouco depois da nossa conversa com o hortelão António Inácio
Regouga, uma firma montemorense, como que adivinhando os nossos anseios,
disponibilizou-nos todo o equipamento, que nos
permitirá colocar este sistema de rega gota a gota nas nossas árvores
frutíferas.
Esta
conceituada empresa, sempre disponível e solidária quando se trata de apoiar
instituições locais, chama-se CAMINHOS DO FUTURO e tem a sua sede aqui em
Montemor. Para os seus responsáveis e colaboradores, aqui fica registado o
público agradecimento do Abrigo.
Está,
assim, parcialmente resolvido o problema que havia sido referido anteriormente.
Talvez
quem sabe, num futuro mais ou menos próximo, possamos anunciar a instalação de
idêntico sistema também na área de cultivo.
Bem
haja quem ainda se vai lembrando de quem precisa!