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E O COMPADRE E A COMADRE
LÁ
FORAM PARA OS ANJINHOS !
O destino já estava
traçado. A condenação era certa e sabida.
Tanta
malvadez, maledicência, intriga e bisbilhotice não podia acabar bem. E na manhã
do dia 12 de Fevereiro, a justiça funcionou, a sentença foi ditada e o castigo,
curiosamente em período de muito frio, não podia ser mais quente.
Há
muito condenados pela sabedoria popular, a comadre e o compadre aceitaram a
pena que lhes foi imposta: morrerem na fogueira.
Um
grupo de ceifeiras, ao som e ritmo de uma moda alentejana, levou para a praça
pública o compadre, que retratava este ano o nosso Salvador Boleto. Por sua
vez, os ganhões transportaram a comadre, que fazia alusão à nossa Angelina
Merendeira.
Colocados
perante as evidências, restou ao compadre e à comadre lerem publicamente os
seus testamentos, em dezenas de quadras que contemplaram utentes, funcionários
e funcionárias, médico, enfermeiras e demais colaboradores.
E
nunca uma cerimónia, que teria tudo para ser triste, se realizou ao som de uma
concertina e perante palmas e gargalhadas do imenso público que enchia o
anfiteatro onde se realizava a sessão.
E,
claro, a sentença foi cumprida. Regadas com gasolina, as duas figuras foram
pasto das chamas, num castigo exemplar que a sua conduta bem merecia.
Todo
o elenco artístico do Abrigo colaborou activamente, estando como habitualmente,
por detrás de toda a encenação, o talento de Céu Mestrinho e José Manuel Brejo,
que também escreveram os versos.
E
aqui fica o aviso: não se portem bem e para o ano haverá mais duas vítimas.