quinta-feira, 19 de setembro de 2013

OS NOSSOS UTENTES



SALVADOR MANUEL BOLETO



Está no “Centro de Dia” do Abrigo desde Fevereiro deste ano. Diz estar bastante satisfeito e confessa que foi a melhor volta que deu à sua vida.


O nosso entrevistado deste mês nasceu no Escoural no dia 9 de Fevereiro de 1939. Tem, portanto, 74 anos de uma vida onde os comboios desempenharam um papel importante. Mas vamos ouvi-lo contar a sua história:

“Como disse, nasci no Escoural e vivi em Montemor até aos 11 anos. Aqui frequentei a Escola Primária e fiz o exame da 3ª classe. Aos 11 anos fui viver para Casa Branca, onde me esperava uma vara de porcos para guardar. E até aos 28 anos fui fazendo praticamente todos os trabalhos ligados ao mundo rural.”


Mas por esta altura a sua vida levou uma transformação:

“Tinha naturalmente ambições e, então, fui tirar a 4ª classe para me candidatar a um lugar nos Caminhos de Ferro. Fiz o exame com sucesso e entrei para a CP, que foi o meu destino até me reformar, em 2004, com 65 anos.”


E o nosso amigo Salvador vai recordando:

“Tinha como tarefa a manutenção da linha, nomeadamente vigiar e substituir travessas, carris e barretas (junções que seguravam os carris). Comecei a trabalhar em Casa Branca mas ao longo dos anos fui prestando serviço noutras estações: Évora, Estremoz, Borba, Vila Viçosa, Reguengos de Monsaraz, Montoito, Setil, Vendas Novas e Poceirão. Estive ainda, em 1973, no Entroncamento a fazer um estágio que, sinceramente, na prática nem sei para que serviu. Estava a trabalhar na estação de Évora quando me reformei, tendo regressado para viver em Casa Branca. Nestes 37 anos de serviço nunca sofri, felizmente, qualquer acidente de trabalho”


E onde se alojava quando andava por aquelas localidades? “Nesses anos, todas as estações tinham alojamentos para os funcionários, mais propriamente dormitórios. Era aí que ficávamos quando estávamos deslocados em serviço. A propósito, devo dizer que lamento profundamente ver o estado em que se encontram quase todas as estações de caminho-de-ferro. Existia a tradição de cada uma delas tentar ser mais cuidada e formosa que as restantes. As pessoas que trabalhavam nas estações eram “opiniosas” e mantinham jardins ou canteiros floridos, que eram o encanto dos passageiros. Ainda me recordo de haver concursos para se apurarem as estações mais bonitas e bem tratadas. Onde isso já vai… Hoje, infelizmente, e salvo raras excepções, são locais completamente votados ao abandono. Nem muitos dos azulejos escaparam à onda de vandalismo. Presentemente, mesmo as estações que continuam activas sofreram obras de remodelação e já não têm as características de antigamente. Agora, algumas destas estações nem sequer têm uma sala de espera, o que obriga os passageiros a aguardar o comboio no cais, e as casas de banho existem mas estão fechadas…”


Mas o nosso amigo Boleto não se limitava a ver passar os comboios:

“Nas férias percorri grande parte do país. Como tinha a facilidade de viajar gratuitamente, na minha qualidade de operário da empresa, aproveitava para ver outras vilas e cidades. Ainda hoje tenho o cartão que me permite viajar nas mesmas condições, se bem que ultimamente pouco tenha aproveitado dessa vantagem.”


O Sr. Salvador nunca casou, e explica por que nunca se inscreveu no “clube” dos casados:

“Para lhe ser franco, nem eu sei bem. Estas coisas ou são na altura certa ou depois, quando damos por isso, já passou a oportunidade. É verdade que namorei uma rapariga durante alguns anos, mas as coisas acabaram por não dar certas. Provavelmente, o facto do meu próprio trabalho como ferroviário não me permitir ter “poiso” certo também não ajudou a que isso acontecesse. Foi o destino que assim quis.”


Como sabe ler, o Sr. Boleto nas horas em que não tem outro entretenimento vai-se dedicando à leitura.

“Leio bastante, sobretudo jornais e revistas e, por vezes, requisito livros quando aqui se deslocam os funcionários da Biblioteca Municipal”.

A continuação de boa saúde e longos anos de vida são os nossos votos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

AQUISIÇÃO DE CARRINHA



Através da candidatura ao programa PRODER, Acção 3.2.2 – "Serviços Básicos para a População Rural”, é com enorme orgulho e honra que o Abrigo dos Velhos Trabalhadores  anuncia a aquisição de uma carrinha Fiat Ducato de 9 lugares, com plataforma elevatória, totalmente equipada e certificada pela empresa Emergência 2000. Esta carrinha tem como objectivo a abordagem cada vez mais profissional, segura e eficaz no transporte dos nossos utentes com mobilidade condicionada, e não só. Mais uma vez, o Abrigo vence uma etapa no melhoramento das condições nos nossos utentes, que são sempre, em qualquer ocasião, a nossa principal preocupação.