sexta-feira, 22 de junho de 2012

REQUALIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES


ABRIGO MAIS FUNCIONAL

No passado mês de Março iniciaram-se importantes obras de beneficiação e requalificação das instalações do Abrigo.

Estas obras resultaram de uma candidatura, já aprovada pelo INALENTEJO, no âmbito do QREN, que surgiu integrado no Programa de Acção “Montemor Pedra a Pedra”, desenvolvido pela Câmara Municipal de Montemor-o-Novo com a qual foi estabelecido um protocolo de parceria.

O montante do investimento é de € 485.499,38, sendo a comparticipação financeira do FEDER de € 388.399,50, o que corresponde a 80% do total. A parte suportada pelo Abrigo será, então, dos restantes 20%, isto é, € 97.099,88.


Apesar de tudo, o montante sob a responsabilidade do Abrigo é, na actual conjuntura, muito elevado, pelo que serão bem-vindas quaisquer dádivas que ajudem a minimizar o encargo.


A presente intervenção, que em princípio se prevê estar concluída a 30 de Setembro mas que, mesmo nas mais adversas circunstâncias, nunca poderá ir para além do final do ano, contempla a construção de duas casas de banho por cada camarata, a construção de casas de banho na zona dos apartamentos, a construção de uma casa de banho de apoio ao Posto Médico e a transferência, para outro local, da barbearia/cabeleireiro a fim de possibilitar a construção de balneários para as colaboradoras.


Todos nós sabemos o que representa, em termos de incómodos de vária ordem, a presença de pedreiros em casa. Mas, como também reconhecemos, esse desconforto temporário e inevitável é depois largamente compensado pelos melhoramentos introduzidos.



Assim, a Direcção vem apelar à maior compreensão por parte dos utentes, familiares, visitas e colaboradores para suportarem com paciência e um sorriso nos lábios este período que pode ser menos agradável mas cujo resultado final vale a pena o pequeno sacrifício.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

OS NOSSOS UTENTES


Joaquina Linguiça: Uma vida de trabalho

 “Tinha 10 anos quando comecei a trabalhar no campo”, começou por dizer a nossa figura deste mês, como início de conversa. Mas antes de continuarmos, vamos primeiro apresentá-la:


Natural de Foros de Vale Figueira, tem 80 anos, chama-se JOAQUINA MARIA LINGUIÇA e é utente do nosso “Centro de Dia”. 

E foi revelando: “Devido principalmente à doença do meu marido, que já sofria bastante e estava incapacitado há longos anos, fomos forçados a recorrer ao Abrigo como a melhor solução. Começámos a usufruir deste serviço há oito anos mas, infelizmente para ele, cinco dias depois, e quando já tinhamos regressado à nossa casa nos Foros, nessa noite sentiu-se mal, ainda foi levado para o hospital em Évora mas parece que já nada havia a fazer, tendo acabado por falecer.”

Hoje, a D. Joaquina continua no “Centro de Dia”, sempre na expectativa de um dia conseguir uma vaga no “Lar”.

Desfiando o seu rosário de recordações, D. Joaquina continuou: “A minha infância não foi fácil. Éramos oito irmãos, dos quais eu era a mais velha. O meu pai sempre foi um trabalhador rural e, portanto, apenas com o seu reduzido salário, pode-se facilmente adivinhar as carências que tinhamos de vencer todos os dias. Acresce ainda que, devido à guerra, os alimentos escassevam e  alguns deles só se conseguiam através das senhas de racionamento. Foram tempos muito difíceis, mas lá nos criámos e ainda hoje, felizmente, todos os oito irmãos estão vivos.

A nossa entrevistada, como já referimos, começou a trabalhar no campo desde tenra idade, logo depois de concluída a 3ª classe da instrução primária, que frequentou na escola dos Foros. Como faz questão de salientar, “os tempos eram difíceis e havia que ganhar para a casa. Então, primeiro eu, e pouco depois a minha irmã, que era um ano e pouco mais nova, começámos desde cedo a contribuir para o sustento da família. Mais tarde, já eu era mais crescida, o meu pai começou a sua actividade de carreiro e, aí, para além da jorna sempre pequena, lá ganhava mais 2 litros de azeite e 50 kg. de farinha por mês e um porco por ano. E as coisas começaram a compor-se um pouco mais.”

E continuou: “Fiz ao longo da vida praticamente todos os trabalhos agrícolas que, nessa altura, e sem o auxílio das máquinas que há hoje, eram duros e conseguidos pela força dos braços. Entretanto o tempo foi passando e quando já tinha os meus 20 anos casei-me com o que foi meu marido durante 52 anos – Manuel Lopes. O casamento deu três frutos: Maria Augusta, Delmira e Adriano. Os filhos foram crescendo, juntaram-se com as namoradas (ou, como então também se dizia, amigaram-se) mas todos eles se casaram formalmente mais tarde. E, como nas histórias de amor, todos são felizes, o que  me enche de alegria.”

Mas não foram apenas os trabalhos rurais que preencheram o tempo da D. Joaquina, como esclareceu:: “Toda a vida gostei de costurar. Fiz muitas rendas, trabalhos em malha e neste momento tenho estado dedicada a fazer talegos para os telemóveis, a fim de serem vendidos ou sorteados no pavilhão que o Abrigo irá ter, como habitualmente, na Feira da Luz, em Setembro. É uma forma de passar o tempo e, ao mesmo tempo, ser útil à Instituição.

D. Joaquina ainda nos disse que recorda frequentemente versos que aprendeu e decorou  há muitos anos mas que, naquele momento, a memória estava a pregar-lhe uma partida. Não faz mal; fica para uma próxima oportunidade.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

ANIVERSÁRIO DA INSTITUIÇÃO


O ABRIGO SOPROU 45 VELAS


Foi bonita a festa que assinalou, exactamente no dia de Santo António, o 45º aniversário desta instituição.

A azáfama começou logo pela manhã, com os colaboradores a alindarem o espaço e a montarem as mesas que iriam acolher as cerca de três centenas de utentes e familiares que quiseram associar-se a este evento.

Ainda faltava quase uma hora para o início das festividades e já se notava bastante movimento, com os lugares a serem rapidamente preenchidos.

As cozinheiras já tinham preparado as saladas e sob a batuta de dois especialistas em churrasco – Manuel Aldinhas e António Joaquim Falcão – os frangos e as sardinhas começavam a dourar e a lançar para o ar os cheiros característicos que despertam o apetite.


Pouco passava das 15 horas quando subiu ao improvisado palco o presidente – Joaquim Manuel Batalha – acompanhado dos restantes membros da Direcção e dos representantes das Juntas de Freguesia de N. Sra. da Vila e N. Sra. do Bispo. 


Teceu considerações sobre a vida do Abrigo, lembrou o papel importante desempenhado por todos quantos, ao longo dos anos, tornaram possível esta realidade, agradeceu aos colaboradores e voluntários que a esta causa se têm dedicado e lamentou o estado a que os responsáveis governativos deixaram chegar este país, com as asneiras e os abusos a serem agora suportados maioritariamente pela população que vive apenas do seu trabalho ou das pensões de reforma.

Já com as primeiras sardinhas a chegarem às mesas, foi a vez de um grupo de utentes do Abrigo mostrar os seus talentos. Sob a responsabilidade do animador cultural José Manuel Brejo, que escreveu o guião, representou, encenou e dirigiu os actores, foram recreadas conhecidas cenas de antigos filmes portugueses, nomeadamente o “Pátio das Cantigas”, “A Canção de Lisboa” e a “Aldeia da Roupa Branca”. 

Foram momentos de boa disposição em que todos os intervenientes se saíram a contento. Antes de terminarem a actuação ainda cantaram o “Hino do Abrigo”. Muito bem!

Logo depois exibiu-se o Grupo de Dança da ARPI de Montemor-o-Novo, que mostrou que a idade não é – não pode ser – motivo impeditivo para que cada um se dedique a qualquer manifestação artística ou cultural. Parabéns!

E o lanche continuou e foi-se prolongando até à hora do jantar, sempre com música ao vivo interpretada por Eduardo Panóias, que animou toda a tarde e entusiasmou alguns pares a meterem o pé em dança.

Durante mais de quatro horas esqueceram-se achaques e maleitas e a boa disposição era evidente nos rostos de quem assistiu e participou nas comemorações de mais um aniversário do Abrigo dos Velhos Trabalhadores de Montemor-o-Novo.


Os elementos directivos do Abrigo agradecem, de todo o coração, as ofertas para este fim, vindos de várias entidades e fornecedores, tornando assim possíveis estes momentos de alegria para os nossos utentes. Bem hajam!

E para o ano cá estaremos de novo.