sexta-feira, 25 de maio de 2012

APOIO DOMICILIÁRIO


É conhecida a resposta que a vertente “Apoio Domiciliário” presta, em termos de cuidados individualizados e personalizados, no domicílio de quem deles necessita.

Na verdade, trata-se de uma área onde o Abrigo também tem vindo a desempenhar um papel importante na ajuda a quem, por diversas circunstâncias ou vicissitudes, dela carece.

Os objectivos desta resposta social estão bem definidos e os responsáveis e colaboradores esforçam-se diariamente para os cumprir na íntegra.

Ainda que deva ser entendido como um serviço de apoio à família, nunca a substituindo ou ultrapassando, o Abrigo propõe-se, com esta valência:
- Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos utentes e famílias;
- Contribuir para retardar ou evitar a institucionalização;
- Assegurar aos utentes e famílias a satisfação de necessidades básicas;
- Prestar cuidados de ordem física e apoio psicossocial, de modo a contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar;
- Colaboração na prestação de cuidados de saúde.


     
Serviços prestados nesta resposta social:
- Alimentação;
- Tratamento de roupas;
- Higiene do Domicílio;
- Higiene Corporal.



O nosso quadro de utentes mantém-se normalmente estável e preenchido. No entanto, se quem nos lê sente necessidade deste tipo de apoio ou se souber de alguém seu familiar ou conhecido que porventura possa precisar, aconselhamos vivamente a contactar-nos, quer pessoalmente na nossa Secretaria, quer pelo telefone 266 899 760.

Pode contar com a nossa melhor receptividade e com a respectiva solução, se ela estiver, de momento, ao nosso alcance.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

OS NOSSOS UTENTES


UMA VIDA PLENA


AUGUSTO ADRIANO PEREIRA é a nossa figura deste mês. Natural de Montemor-o-Novo, onde nasceu há 81 anos, é casado há 58 com Maria Luísa Gomes Ferreira. Desta união nasceram as meninas dos seus olhos: Maria José e Florinda.

Acedendo ao nosso convite, o amigo Augusto aceitou de bom grado revelar alguns aspectos da sua vida. 
 E começou:  “Quando ainda era um rapazote, talvez com 14/15 anos, o meu primeiro emprego foi no café do Largo Serpa Pinto (hoje Largo General Humberto Delgado). Era a Leitaria do Sr. João Taveira, mais tarde propriedade de Gabriel Nunes Coelho e mais recentemente da família Catita. Na altura, aquela zona era muito movimentada e, especialmente nas noites de verão, o largo enchia-se de gente a apanhar o fresco. O café, que só no início da sua actividade vendeu leite, haveria de ficar sempre conhecido por Leitaria.”

E continua: “Estive lá empregado mais ou menos um ano. Como andava sempre a sorrir para a clientela, fiquei conhecido como “O Risotas”. Quando saí, o meu pai, que era um excelente e bem conhecido pedreiro, puxou-me para o seu lado e comecei a dar serventia. Aproveitei os ensinamentos e fui pedreiro até à reforma.”

Paralelamente à sua actividade profissional, ou já depois de reformado, dedicou-se a várias iniciativas de carácter social. “Fui um activo sindicalista, ajudando a fundar o movimento sindical em Montemor; participei nas Comissões de Base de Saúde e pertenci à CISSL – Comissão Instaladora dos Serviços de Saúde Locais. Desenvolvi ainda outras acções que sempre tiveram por objectivo melhorar as condições de vida da população.

O Sr. Augusto recorda agora os últimos tempos: “Há cerca de 5 anos, a minha mulher adoeceu, o seu estado foi-se agravando e, a partir de determinada altura, achou-se impossibilitada de fazer a maioria das tarefas domésticas. O meu estado de saúde também começou a deteriorar-se e não tivemos outra solução senão a de mudar o curso normal das nossas vidas. Pedimos ajuda ao Abrigo. Primeiro fomos utentes do “Apoio Domiciliário”, depois frequentámos o “Centro de Dia” e, quando surgiu a oportunidade, ficámos definitivamente como residentes. Como se não bastasse já a doença que me afligia, no dia 19 de Novembro dei uma queda no ginásio e, agora, só me consigo deslocar com a ajuda de um andarilho.”

Mas durante a nossa conversa surgiu outra confissão: “Há algum tempo surgiu-me a ideia de contar mais em pormenor alguns episódios da minha vida, mas essa possibilidade estava-me vedada porque não conseguia escrever. Um dia manifestei este desejo ao José Manuel Brejo, que imediatamente se prontificou a recolher as minhas memórias e a quem, por isso, estou imensamente grato. Falei deste propósito à Direcção do Abrigo, que acolheu bem a ideia e me incentivou a ir em frente. Foi assim que, após vários meses de conversa, surgiu um pequeno livro que recebeu o título de “Estórias da Minha Vida”. Ainda que sendo uma edição limitada a vinte exemplares da minha responsabilidade, contei com o apoio da Câmara Municipal e do Abrigo dos Velhos Trabalhadores, entidades a quem dirijo o meu agradecimento.

 E, para terminar, confidenciou: “O livro não está à venda. Aqueles exemplares vão ser oferecidos a outras tantas pessoas a quem enderecei convite para estarem presentes na cerimónia de lançamento, que ocorrerá no dia 19 de Maio, pela 14,30 h. numa das salas deste Abrigo.

Foi agradável falar com o Sr. Augusto. Tem uma história de vida aparentemente igual a tantas outras; porém, com a particularidade de sempre se ter interessado pela promoção e bem-estar do seu semelhante, em geral, e dos trabalhadores, em especial.

quinta-feira, 10 de maio de 2012


NOVOS ASSOCIADOS

Não está fácil a vida para as populações nem, especialmente, para as Instituições Particulares de Solidariedade Social.

As nossas fontes de receita estão a diminuir de forma substancial, nomeadamente pelo facto dos nossos pensionistas não serem aumentados e também porque as comparticipações da Segurança Social serem mais pequenas.

Ao decréscimo das receitas corresponde, inversamente, a subida dos preços dos produtos essenciais, não só alimentares como de toda a outra ordem: água, gás, electricidade, consumíveis, enfim, todos nós sabemos exactamente o que nos custa o dia-a-dia e como, cada vez mais, as dificuldades vão crescendo.
Portanto, na nossa Instituição, em que as dificuldades são a multiplicar por muitos, torna-se difícil e complexo conduzir esta nau sem hipotecar a qualidade dos serviços que prestamos.
É evidente que são agora poucos os donativos que recebemos e, por isso, temos de conseguir aumentar as receitas. Como?

Uma das vias é aumentar substancialmente o número de associados. É um pequeníssimo esforço que pedimos a todos quantos este apelo chegar. As quotas mínimas são de 12 euros anuais para os não-reformados, e de 6 euros anuais para os reformados. Claro que se pretender subscrever quotas de valor mais elevado (não há limites para cima), a Instituição agradece.

Escreva-nos ou contacte-nos como lhe for mais conveniente ou confortável: correio, e-mail (abrigovelhostrabalhadores@gmail.com), facebook, telefone, fax, pessoalmente, enfim, como desejar. Mas faça-se sócio! Basta indicar-nos o seu nome, morada, contacto telefónico ou electrónico, valor que pretende pagar e local de cobrança.
É fácil e vai ver que dormirá com a consciência ainda mais tranquila.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

OS NOSSOS ARTISTAS


GRANDE POETA É O POVO

O Abrigo dos Velhos Trabalhadores de Montemor-o-Novo é muito mais do que o edifício que o agasalha e acomoda, 

No seu interior encontra-se o sentimento de cada um dos seus residentes e a sabedoria acumulada que advém da experiência adquirida na sua longa vida.

Durante muitos anos, a população residente no Abrigo era maioritariamente de origem rural. Por necessidade familiar, começava-se a trabalhar no campo desde tenra idade, sendo a escola um luxo a que poucos tinham acesso. Resultava daí a enorme taxa de analfabetismo que se iria manter pela vida fora.

Mas falta de instrução não significava ausência de sensibilidade e sempre se encontrou dentro do Abrigo quem desse largas à sua imaginação e talento nas mais variadas áreas artísticas.

Sempre houve, no decorrer da vida da Instituição, quem revelasse dotes de poeta, de contador de histórias ou de artesão. Alguns, com tal talento, que nos interrogamos até onde poderiam ter ido se lhes tivesse sido dada a oportunidade de aprenderem e desenvolverem, em devido tempo, as suas naturais aptidões nos diversos campos da sua preferência.

Quer com pequenas entrevistas, quer com fotografias que valham mais que mil palavras, quer com pequenos apontamentos, vamos tentar dar a conhecer alguns dos utentes que fazem parte deste universo que, lá fora, é ainda para muitos desconhecido, não obstante os convites que temos feito no sentido de nos visitarem.

A nossa figura de hoje chama-se BASILISSA SENHORINHA PERNAS, nasceu em Évora há 78 anos e cresceu com cinco irmãos mais velhos e um primo. A mãe engravidou dezasseis vezes, mas apenas deu à luz seis rebentos com vida. Os restantes, por aborto espontâneo ou acidente, nunca viram a luz do dia.
Já casada com Salvador António Batista, de quem enviuvou há cinco anos, morou no Escoural durante 18 anos e antes de ingressar no Abrigo, há 6 anos atrás, ainda viveu com o marido, uma filha, o genro e uma neta aqui em Montemor, na Rua de Avis.

Nunca andou à escola e não sabe ler nem escrever. Apenas faz de cor o seu nome, conhece algumas letras mas não as sabe juntar. No entanto, afirma que faz versos desde sempre e que tem pena de não ter conseguido salvaguardar esse manancial de poemas que criou e ditou, mas não sabe onde param. 

Excelente conversadora, a D. Basilissa possui um vocabulário rico, não obstante nunca ter frequentado a escola nem ter lido livros de qualquer espécie.
Recentemente, por altura do 25 de Abri, ditou a seguinte mensagem para um pequeno cartão editado pelo Abrigo:

“Que não se quebre a cadeia
Das mãos dadas em cordão
O vinte e cinco de Abril
Está no nosso coração! “

Há tempo ofereceu à neta Guiomar, por altura do seu aniversário, uma caixinha em prata, em forma de concha, com esta dedicatória:

“Ofereço-te esta conchinha
P´ra fechares os teus segredos
Juntos a esta aliança
Que outrora andou em meus dedos!
 
Detesta em absoluto a crítica que apenas visa a maledicência gratuita.
Sobre o tema escreveu ou, melhor dizendo, ditou estes versos:

“Quem fala da vida alheia
Não tem em Deus lugar vago,
Porque da semente da língua
Não se perde nem um bago!

Se alguém errou, e soubeste,
Não fales, fica calado,
Porque a má-língua é veneno
E morres envenenado!

A má-língua é uma praga
De todas a mais daninha,
Nem nas pedras da calçada
Se perde uma sementinha!

A língua é a maior arma
Que põe a mente confusa.
É uma seta envenenada
Que se volta a quem a usa!

Com uma memória invejável, D. Basilissa confessa que sempre gostou muito de teatro. Inclusivamente, na sua juventude, ainda em Évora, concebeu e ditou, para que ficassem escritas, ligeiras peças do género revisteiro que, inclusivamente, ela própria e outras pessoas das suas amizades representaram na Sociedade Joaquim António de Aguiar, em récitas de beneficência.

E do seu rol de recordações ainda nos revelou: “Teria eu vinte anos ou pouco mais, conheci de perto a grande Amália Rodrigues, que era visita de duas casas onde estive empregada: primeiro em Évora, na família Lopes Fernandes, e depois em Lisboa, na família Sousa Martins.

E continua: “Eu era muito alegre e estava sempre a cantar. Um dia, lá em Lisboa, Amália, da sala onde estava com as pessoas amigas, ouviu-me cantar versos da minha autoria. Ficou surpreendida, mandou-me chamar e disse-me que tinha gostado do que ouvira e que, se quisesse, poderia fazer carreira no fado. Porém, a minha mãe não esteve pelos ajustes e opôs-se terminantemente, se bem que o meu pai e o meu namorado – que mais tarde haveria de ser o meu marido – não colocassem problemas”.

Quem sabe se não terá passado ao lado de uma grande carreira artística!...

domingo, 6 de maio de 2012

O NOSSO OBJECTIVO: DAR MAIS VIDA AOS ANOS


É sabido que nenhuma instituição pode substituir o ambiente do lar familiar em que sempre se viveu e onde qualquer um de nós gostaria de passar o resto dos seus dias. Porém, circunstâncias de vária índole, umas plenamente justificáveis, outras nem tanto, obrigaram alguns idosos a ser institucionalizados. No caso particular do nosso Abrigo, todos os responsáveis, colaboradores e voluntários ao longo dos anos, têm tido, como primeira preocupação, proporcionar aos utentes o máximo de conforto e a salvaguarda do respeito que a cada um é devido e da dignidade que cada qual merece.

O Abrigo dos Velhos Trabalhadores de Montemor-o-Novo tem de ser visto não como um local onde se depositam pessoas que apenas esperam pelo acto final, mas como um lugar onde se tenta diariamente minimizar o impacto provocado pelo desenraizamento de quem foi forçado a afastar-se das suas origens pelos mais diversos motivos.

E porque pretendemos, acima de tudo, dar mais qualidade e vida aos anos, fomentamos o desenvolvimento de actividades que animem e incentivem a participação activa dos utentes.

Realizamos mensalmente o almoço dos aniversariantes, assim como, durante o ano, diversas iniciativas culturais e recreativas, tais como as festas de Natal, Carnaval, Páscoa, Baile da Pinha, aniversário da Instituição e outras que voluntários e animadores culturais nos ajudam a desenvolver.

Fazemos ainda, regularmente, deslocações locais, nomeadamente ao Castelo, à Ermida da Sra. da Visitação, aos Supermercados, etc.. É também já é tradição deslocarmos anualmente um grupo, de umas duas dezenas de utentes, a uma Colónia de Férias no Algarve, com uma permanência de oito dias.

Na quadra do Natal, estimulamos a exposição-venda, nas nossas instalações, de produtos artesanais saídos das mãos dos nossos utentes e temos sido presença constante, com um pavilhão, na Feira da Luz, em Setembro de cada ano.


Enfim, é propósito de todos nós continuarmos a prestar um serviço de qualidade para que os nossos idosos não sintam tanto a tristeza da solidão.