terça-feira, 20 de agosto de 2013

A FEIRA DA LUZ E O ABRIGO

Renovando a tradição,
Que nos encanta e seduz,
Vamos ter um pavilhão
Na nossa “Feira da Luz”!

Falar de Setembro é falar da velhinha mas sempre renovada “Feira da Luz”, importante certame que anualmente reúne em Montemor visitantes de todo o país e é pretexto para confraternização entre amigos e familiares que, nalguns casos, só se juntam nesta ocasião.

São muitos e variados os motivos que atraem milhares de pessoas ao Parque de Exposições e Feiras. Mas o painel de expositores não estaria completo sem a presença habitual do pavilhão do ABRIGO DOS VELHOS TRABALHADORES.


Saídas das mãos habilidosas das nossas e dos nossos utentes, ali serão expostas peças artesanais de grande sensibilidade artística, em tecido e croché, que encantarão os visitantes: saquinhos, pegas, almofadinhas (simples ou contendo sabonetes ou ervas de cheiro), etc.

Os já indispensáveis e saborosos bolinhos ou biscoitos vão igualmente estar à disposição dos visitantes. E se necessário, temos águas para matar essa sede.

E as simpáticas rifas? Por uma importância praticamente simbólica vai habilitar-se a úteis, práticos e valiosos prémios. Não prometemos apartamentos, carros de grande cilindrada ou viagens de sonho, mas certamente que sairá satisfeito. E mesmo que não seja contemplado com o prémio que desejaria, resta-lhe sempre a consciência plena de que contribuiu para uma obra de solidariedade social que enobrece e prestigia a nossa terra.

Mas, atenção que ainda não ficamos por aqui: Nas paredes do pavilhão, através de um conjunto de fotografias ali expostas, pode testemunhar vários aspectos da nossa realidade. Desde o dia-a-dia dos utentes, às actividades de animação sócio-cultural, aos passeios, à colónia de férias, e às importantes obras de remodelação recentemente concluídas e inauguradas, há bastantes motivos para uma apreciação atenta e demorada.

De 28 de Agosto a 2 de Setembro vá passear à Feira e visite-nos. Será bem atendido pelas nossas colaboradoras ou voluntários(as).

E, já agora, uma última sugestão: que tal fazer-se sócio desta instituição, que bem precisa de todos nós? Pense nisso. Os nossos velhotes agradecem. E quem sabe, se um dia …

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

OS NOSSOS UTENTES



MARIA CRISTINA HENRIQUES 

“Tenho 88 anos e sou a mais velha de 9 irmãos. Nasci no Monte da Courela, perto do Vidigal, propriedade da família Malta e vivi depois no Vidigalinho.”



Foram estas as palavras de apresentação da nossa entrevistada do mês. E continuou o relato da sua vida:

 “Sou a única dos irmãos a quem nunca foi dada a oportunidade de frequentar a escola. Nesses tempos, o aprender a ler e a escrever não era considerada uma prioridade e logo com 10 anos comecei a trabalhar no campo. No entanto, quando os meus irmãos atingiram a idade da escolaridade, ou porque os meus pais já pensassem de outro modo ou porque a tal fossem aconselhados,os restantes filhos todos eles concluiram pelo menos a instrução primária.”


A sua família foi, e é, bastante conhecida aqui em Montemor.

 “Recordo os nomes de todos os meus irmãos: Cristina Maria, Maria Felícia, Albino, José Albino, Manuel Joaquim, Maria de Fátima, Joaquim Albino e João António. Infelizmente alguns deles já nos deixaram.”


Mas voltemos à sua juventude:

“Quando tinha 15 anos comecei a namorar com o que viria a ser, até hoje, o meu marido. Na altura, e especialmente para quem vivia no campo, estes namoricos eram arranjados nos bailes que os rapazes organizavam em qualquer monte. Nos meus lados, dançava-se ao som de um pequeno harmónio, tocado por um guarda-florestal chamado José Salgueiro.”

E foi numa destas “funções” ou “funçanadas”, como também eram conhecidos os bailes campestres, que o romance começou:

 “Foi através destes bailes que comecei a namorar o Júlio. Mas o namoro era bastante contrariado, especialmente pela minha mãe, alegando que eu era muito nova e o rapaz tinha mais seis anos do que eu. Claro que não ganhou nada com isso porque passados três anos já estávamos casados. E ainda bem que demos este passo, porque o meu marido tem sido sempre muito bom para mim.”


E, de menina e moça, cedo passou a senhora casada e com outras responsabilidades:

 “Sou casada há cerca de setenta anos com Júlio Mamede Falé, actualmente com 94 anos. Deste enlace nasceu uma filha – a Maria Júlia – que me deu dois netos e agora já tenho um bisneto e uma bisneta.


Quando casámos, o meu marido vivia e trabalhava na Quinta do Vidigal, então conhecida como Quinta dos Pretos, da família Alves. Foi aqui que vivemos alguns anos. Regressámos depois ao Monte do Vidigal e ultimamente morámos em Montemor, na Travessa das Farizes.”.

A D. Maria Cristina recordou ainda que, em tempos, a mãe e três dos irmãos – a Cristina, o Joaquim Albino e o João – moraram na Rua dos Almocreves, curiosamente no mesmo local onde fora a sede do Clube de Futebol “Os Montemorenses”, vulgarmente conhecido como “Os Leões”, que beneficiou das indispensáveis obras para se tornar habitável.



“Viemos aqui para o Abrigo há um ano. Estamos satisfeitíssimos. Somos bem tratados e usufruimos de condições que nunca tivemos nas casas onde morámos.”


Felicidades para o simpático casal!