quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

QUEIMA DOS COMPADRES 2017




QUEIMA DOS COMPADRES


A tradição cumpriu-se mais uma vez e a “Queima dos Compadres” teve lugar aqui nas instalações do Abrigo, na manhã de terça-feira, dia 21 de Fevereiro.

Antes, porém, há que fazer um pequeno esclarecimento. Ao contrário do que há já uns quantos anos acontecia frequentemente em Montemor, sobretudo por iniciativa das sociedades recreativas, esta cerimónia pouco tem a ver com a então “Serração da Velha” em que, como muitos ainda se recordam, havia um processo em tribunal contra uma “senhora” a quem eram apontados muitos defeitos e deslizes. E era em pleno julgamento, que tanto a defesa da arguida como os seus contrários expunham argumentos. Claro que havia sempre a inevitável condenação, proferida, com pompa e circunstância, pelo juiz. Era então chegada a altura de velha condenada ler o seu testamento, escrito em quadras, em que eram contemplados, nem sempre de uma forma meiga, os muitos herdeiros conhecidos de toda a gente.


Aqui, na “Queima dos Compadres” a condenação está previamente decidida e as vítimas só no momento são identificadas. Nem elas próprias sabem o destino que, desde há muito, lhes está reservado: a fogueira.

Durante algum tempo, reúne-se um grupo de homens que, entre si e em segredo, escolhem a “comadre” a ser queimada. Ao mesmo tempo, um grupo de senhoras procede da mesma forma em relação a um “compadre”. Então, em sessão pública, o porta-voz dos homens dá a conhecer, através de quadras, não só elementos que permitem a todos, inclusivamente à própria “vítima”, identificar de quem se trata como, ainda, revelar o que as “herdeiras” vão receber em testamento. Claro que depois é a vez das senhoras, por intermédio da sua representante, proceder de igual modo para com o “compadre” que também vai conhecer o seu acalorado fim.



E ficou a saber-se que a “comadre” sacrificada era a D. VITÓRIA DE JESUS e o “compadre” o sr. ANTÓNIO PEDRO DOS SANTOS, ambos utentes deste Abrigo.

E, traçado o seu destino, lá foram ambos retirados para serem queimados na fogueira, previamente preparada para o efeito, na presença de numerosos e divertidos assistentes.

Tudo, afinal, para acabar em beleza e com a certeza do dever cumprido. Os intervenientes reconheceram depois que viveram todo um processo que lhes rendeu momento de divertimento. Eis os protagonistas:

Grupo das Comadres:
Joaquina da Quinta, Basilissa Perna, Angelina Merendeira, Maria Narcisa Ferreira, Vitória Lopes Serra, Rute Borla, Rosalina Maria, Vitória de Jesus, Visitação Alves, Maria Luísa Pinheiro, Micaela Barreiros, Isalina Marcelino e Marta Dias.


Os versos foram escritos por Custódia Cardador e Maria do Céu Mestrinho, que também se encarregou do guarda-roupa.

Grupo dos Compadres:
Rogério Arraiolos, Leopoldo Gomes, Isidoro Grulha, Joaquyim Rafael Martins, Francisco Tira-Picos, Salvador Boleto, António Lopes, Filipe Palma, António Pedro dos Santos e Joaquim Pinto.
            

Os versos foram concebidos pelo André Banha com a colaboração de outros membros do grupo.
            
No final, nos bastidores e enquanto tiravam as cabeleiras, as senhoras já anteviam com entusiasmo o desfile carnavalesco do próximo dia 25. Mas não revelaram pormenores das suas máscaras, para nos manterem na expectativa.